.insinuação.

quinta-feira, 27 de maio de 2010




não há espaço para nós dois.
ou desistes ou desistes.

não vou ceder.
não está no meu escript essa cena medíocre.

não desarme minhas armadilhas.
não desfaça meus melodramas.
são para te fazer ir.
e me deixar aqui sentada.
embasbacada.
com o que não conquistei.
ou com a oportunidade desgastada.

vá, vá embora.
deixe-me sozinha.
como outrora.

se lhe serve de consolo.
tenho um ombro.
não seja assim tão tolo.

vá, vá embora.
beije a boca de quem te ama.
verdadeiramente.
de quem por ti clama.
chama.
inflama.
e todas essas rimas bobas.

enquanto eu vou permanecendo.
para tua tristeza ou satisfação.
eu que nunca terás na mão.

Ana Maria de Queiroz
27.V.2010

.elvira.

terça-feira, 9 de março de 2010



elvira nasceu num belo dia de sol, de uma quarta-feira qualquer.
isso fora há mais ou menos três décadas.
nunca se sabia calcular muito bem as primaveras dessa mulher.

cheirava qual rosa despedaçada por criança desavisada.
num jardim recatada.
suplicando para não ser perturbada.

elvira tinha essa peculiaridade.
chegar de mansinho.
sair sem ser notada.
e assim vivia essa vida aguada.

quando carlos chegou tudo se encontrava no lugar.
com menos de seis meses nem bem pensamento elvira conseguia organizar.
apaixonara-se.
perdidamente.

carlos era homem mundado.
com idade de saber mais.
com maldades.
era mesmo sagaz.

fez as vezes.
trouxe sorrisos.
acrescentou aos suspiros que elvira não parava de dar.

casal de poucas palavras.
eles não queriam dizer quase nada.
bastava olhar.
e tocar.
e amar.
elvira só não sabia que esse último verbo estava no singular.

zorieuq de.
09.III.2010

.inacabado.

segunda-feira, 8 de março de 2010



e desde que você se foi esse nó apareceu.
e por mais convarde que eu seja, tenho tentado desatar.
e por mais inerte que possa ser, tenho procurado ir embora.

que é pra não perceber o vazio de ter ficado.
que é pra não ouvir mil vezes aquela canção.
que é pra não ter de me sentir obrigada a relembrar.

antes eu tinha a quem culpar.

e tantas coisas viraram marasmo.
todo dia é quase domingo.
toda melodia deixa deprimido.



[inacabado]

- como quase tudo na vida. e como o que ficou de tudo o que foi.


09.III.2010