Ensaio

quarta-feira, 25 de junho de 2008


As vezes tudo o que Beatriz queria era ter os seus pensamentos expostos num letreiro néon.
É.

Assim, garrafais...
Porque não tinha muita paciência para esclarecimentos.
As razões das discussões sempre lhe causavam fadiga.

Talvez, um tradutor...

Mas, ele dizia que não haveria homem no mundo que a compreendesse.
Ele ria e gesticulava como ela.
Isso Beatriz também não gostava.
Mas, ele a imitava.
E muito bem.
E pior era constatar que havia alguma lógica nos discursos hilariantes dele.
Beatriz mal namorava firme, já acabavam o amor e a cordialidade.

Virava, por vezes, rivalidade.

Ele a conhecera num momento ímpar.
Estava vivendo uma fase estranha.
Querendo se fazer entender.
Quiçá, simplesmente deixar a coisa toda acontecer.

Era mais forte.
Complicar era o barato.
Era blasé, sabia.
Mas, Beatriz até se divertia.

Menos quando ele a imitava.
Porque aí era palhaçada.

Faltava o respeito.
Brigavam feio.
Ela se descabelava por dentro.
Especulava mil e uma teorias de "como poderia ser se não fosse".

E se trancava em si.
Fechava as janelas da alma.
Inundava-se com as perguntas que nunca seriam feitas.
Desfazia atitudes dele antes tidas como aceitas.
Beatriz se conhecia.
Não era complicação.
O 'ão' era de negação.
Medo de atingirem-na bem no coração.

O 'ão' podia estar na solidão.

Mas, era diferente.
Era mais simples não se ter desvendada.
Não se ver tão moldada.

Beatriz preferia a relação assim...
Ensaiada.


Zorieuq De.
25.VI.2008