Instante

sábado, 18 de julho de 2009




Para aquele que não foi. Pela oportunidade dissipada.
Pela ausência das coisas todas tão necessárias.
Pela presença do tempo que só leva pra longe.
Bem longe.




Eu deveria ter sido antes.
E de uma vez por todas.

E não aos poucos, poupando-me pelos cantos.
Como sou.

Deveria ter gritado.

Ter teimado.
Ter jurado que era.
Talvez hoje fosse.
Talvez eu visse agora, pela minha janela, a primavera.


Deveria ter gargalhado.

Ter me descabelado.

Ter contado a minha versão.
Ter te puxado pela mão.

E assim, não teríamos nos perdido.
Não seríamos um para o outro terreno desconhecido.
Ao passo que eu passo e tu vens.
E se eu venho. Tu vais.
Instante distante.
Corpos errantes.
Interesses semelhantes.


Ana Maria
16.VII.2009
“à meia luz”
(21h36min)

Encantamento

terça-feira, 7 de julho de 2009


Erámos tão semelhantes na parte desimportante.
E tão ao avesso quando falávamos de coisas relevantes.
Sem querer, foi que nos aproximamos.
E sem saber, nos interessamos.
Pelo o outro.
Pelo mundo estranho e patético que havia do lado oposto.
E como se não pudessemos nos afogar, mergulhamos com os narizes apertados entre os dedos.
Sem ar.
Sem tomar fôlego.
Sem qualquer necessidade fulgaz.
E nos fitamos durante segundos.
Gesticulamos adoidado.
E já era uma espécie de romance quando pensávamos que não era coisa alguma.
E morremos pouco tempo depois.
Olhando a pronfundidade ganhar espaço.
Mas, de tão encantados que estávamos com a beleza estranha um do outro, não pudemos mais voltar.
E, de fato, não voltamos.

07.VII.2009

depois de um certo tempo, ao me ver de certa forma n'alguma experiência poética.