.também.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009



engraçado é que pensar me faz esquecer.
ao contrário do que deveria ser.
pois é.
só pra ter uma idéia, até quando sonho acho motivo pra amnésia.
estranho jeito de te guardar.
como se o tempo só fizesse desgastar.
mas ele também congela.
ele também mantém.
se o que penso é também o que abstraio.
se o que eu lembro é também o que ensaio.
na tentativa de simplesmente permanecer.

.ana.de.queiroz.
12.XI.2009

.resultado.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009



eu vou fazer você parecer nada.
- paga pra ver.
vou deixar tua memória arrasada.
que é pra você aprender.
que comigo isso não se faz.
comigo, o negócio é perspicaz.
saiba jogar, rapaz.
saiba fazer.
pra depois poder dizer que perdeu só porque tinha de ser.


.zorieuq De.
04.XI.2009

domingo, 27 de setembro de 2009





Toda vez que eu penso naquele dia me dá uma agonia.
Porque mal lembro quando foi.
Só sei do abraço que não senti vontade de apertar.
Das mãos perdidas explicando não-sei-o-que-lá.
Mas, mesmo assim, surge esse desejo que dá.
De imaginar o que não aconteceu.
Infinito perdido nos pensamentos meus.

Zorieuq De.
26.IX.2009

Instante

sábado, 18 de julho de 2009




Para aquele que não foi. Pela oportunidade dissipada.
Pela ausência das coisas todas tão necessárias.
Pela presença do tempo que só leva pra longe.
Bem longe.




Eu deveria ter sido antes.
E de uma vez por todas.

E não aos poucos, poupando-me pelos cantos.
Como sou.

Deveria ter gritado.

Ter teimado.
Ter jurado que era.
Talvez hoje fosse.
Talvez eu visse agora, pela minha janela, a primavera.


Deveria ter gargalhado.

Ter me descabelado.

Ter contado a minha versão.
Ter te puxado pela mão.

E assim, não teríamos nos perdido.
Não seríamos um para o outro terreno desconhecido.
Ao passo que eu passo e tu vens.
E se eu venho. Tu vais.
Instante distante.
Corpos errantes.
Interesses semelhantes.


Ana Maria
16.VII.2009
“à meia luz”
(21h36min)

Encantamento

terça-feira, 7 de julho de 2009


Erámos tão semelhantes na parte desimportante.
E tão ao avesso quando falávamos de coisas relevantes.
Sem querer, foi que nos aproximamos.
E sem saber, nos interessamos.
Pelo o outro.
Pelo mundo estranho e patético que havia do lado oposto.
E como se não pudessemos nos afogar, mergulhamos com os narizes apertados entre os dedos.
Sem ar.
Sem tomar fôlego.
Sem qualquer necessidade fulgaz.
E nos fitamos durante segundos.
Gesticulamos adoidado.
E já era uma espécie de romance quando pensávamos que não era coisa alguma.
E morremos pouco tempo depois.
Olhando a pronfundidade ganhar espaço.
Mas, de tão encantados que estávamos com a beleza estranha um do outro, não pudemos mais voltar.
E, de fato, não voltamos.

07.VII.2009

depois de um certo tempo, ao me ver de certa forma n'alguma experiência poética.

menina-moça

segunda-feira, 27 de abril de 2009


a menina que usa saia pode cair e se mostrar inteira.
o menino bobo que olha só pensa em besteira.

a menina que brinca com a boneca pensa que segura o filho pela mão.
o menino que joga bola pensa em ser jogador de time campeão.

a menina amará o menino.
o menino amará a menina.

já moça, será recatada. toda prendada.
ele, rapaz, achará que de tudo é capaz.

menina-moça o seduzirá. ao seu modo. sem preceitos.
rapaz garboso cairá em desvario. logo, ela será todo o seu tormento.

ui.
mas, cuidado.
o pai dela é ciumento.

Zorieuq De.
27.IV.2009

dia de te ver


hoje aconteceu uma coisa linda.
deixa eu contar.
pensei tanto em te ver.
que o céu azul fez você me procurar.
e eu o meu sorriso na face estampar.
aquele desejo aperriado.
aquela saudade contida.
tudo calou-se, de mansinho, no teu abraço apertado.


Zorieuq De.
27.IV.2009

papel reciclado

domingo, 26 de abril de 2009



sendo sincera comigo mesma.
rasguei o teu retrato.
trazia tanta mágoa ficar olhando teu sorriso.
antes, quando tudo era festa, o achava tão bonito.
mas hoje, percebi como eram de mentira:
o sorriso.
teu jeito.
o resto.
e veio esse desespero.
foi aí que rasguei.
o retrato.
e teu pedaço que morava aqui dentro.
não pude fazer nada.
só com o papel
mandei reciclar.
por dentro é que ainda não dá.

Zorieuq De.
26.IV.2009

coração de pirulito


comprei um pirulito no formato de um coração.
tão doce.
com o tempo gastou-se.
com meu dente quebrou-se.
e foi parar no chão.
veio a chuva e levou.
o pedaço do coração vermelho.
senti pena do danado.
que como se fosse o meu saiu enxotado.
pela rua abaixo.
coitado.
coração, nem de pirulito, escapa da solidão.

Zorieuq De.
26.IV.2009

brinquedo


meu brinquero preferido quebrou-se essa manhã.
não sou mais aquela criança.
não sou também assim tão adulta.
sentada, agarrada aos joelhos, chorei.
quebrou-se minha infância.
desfez-se o laço.
que embaraço de olhos avermelhados.
andando pela casa.
ninguém vai entender.
é que o brinquedo dançava e cantava.
era ele quem me aninava quando ventava e começava a chover.

Zorieuq De.
26.IV.2009

lua cheia



Quando a lua ficar cheia
cheinha de clarear todo o céu.
eu vou estar na janela do quarto.
com a luz apagada.
o olhar a fitá-la.
e com a mente minguante.
ao lembrar do amor errante.


Zorieuq De.
26.IV.2009

dia do gigante



se um dia eu crescer bem muito.
se eu ficar do tamanho de um gigante.
derrubo a distância de um abraço.
dos braços que vão embora prometendo voltar.

Zorieuq De.
26.IV.2009

Invenção

sexta-feira, 24 de abril de 2009


Tomei a liberdade de te inventar.
Usei teu rosto.
teu corpo.
Mas, pus meu paladar.
Misturei teu gosto ao meu jeito louco de pensar.
não podia funcionar.
A minha risada se desgastava sem teus olhos pra combinar.
O que criei fugiu do papel.
Virou miragem.
Ou qualquer outra paisagem.
O certo é que ao te inventar me perdi.
Não mais me vi.
Em mim.
Me vi em ti.
Não me gostei.
Porque a aresta que desenhei perdeu a luz.
o tom que eu gostava.
e o teu jeito.
teu ar enigmático.
tudo.
tudo borrou.
manchou.
sentimento faltou.
e foi aí que o fim se anunciou.
o invento de outrora virara projeto indesejado.
Tu
que tanto colori nos meus dias juvenis
apareceu com jeito de aprediz.
Eu
que tanto me dediquei aos teus enlaces
me desfiz.


Zorieuq De.

texto original de 16/IX/2008. "melhorado" em 24/IV/2009.

* estranho isso de querer sem querer querendo.*

Promessa de chegada

segunda-feira, 13 de abril de 2009


Eu achava que cabia em teus braços.
na tua cama.
no teu quarto.

convidei-me a entrar no teu mundo.
sem demora.
sem atraso.

Levo carinho e vontade.
e compro a coca-cola quando aí chegar.
isso, claro, se você me acompanhar.

Mas, não sei mais se vou.
Se iria.
A não ser que haja toda uma alegoria.
Na minha chegada.
Com direito a música dedilhada.



Zorieuq De
13.IV.2009

"criação instantânea"

sem título (seja lá qual seria)

domingo, 12 de abril de 2009


agora que me dei conta de que os ponteiros do relógio realmente deixam marcas na gente.
não sei até onde posso culpá-los por isso.
porque as palavras que não disse se perderam no mesmo espaço onírico em que pairam agora as minhas dúvidas.

amores impossíveis são questão de tempo.
ouvi dizer.
mas também não sei o porquê de continuar revivendo tudo isso.

depois do capuccino as idéias começam a evaporar junto ao ar.
e penso que não sei mais de nada.
ai que tontura que me dá.

chantilly com caramelo.
eu me desmantelo.
procurando respostas.
buscando o que eu mesma nego.

.duelo do ego.

Ana de Queiroz
26.I.2009

havia de dizer - um dia - meu nome.

tick tack toe

quarta-feira, 4 de março de 2009


Seria mais fácil se já não fosse nove e vinte e sete da noite.
isso porque sei o que sinto, sei o que lembro...
mas não consigo.
reduzir em palavras.
dividir com o tempo.
e o vento que bate agora é frio.
e os dedos que vadiam nervosos são os meus.
os que te tocaram outro dia desses.
com a mesma ânsia.
só que por motivos diversos.
confesso.
que já julguei ser melhor em muitas coisas.
que tentei permanecer inantingível.
e foi aí, nesse ponto, que te achei inerte
quase como uma nuvem
que não quer passar.
que implora pra trovejar.
e só chove pra dentro de si.
e não se mostra.
e não se expõe.
mas permite...
que eu me desconheça.
que eu me descabele.
que eu me ponha a prova.
e que perceba que o final é insano.
insosso.
torto.
embora pareça não ter conclusão.
deve ser porque nossa história segue indo na contra-mão.
e se for assim só pra mim...
pago o preço do que ficou controvertido.
arrisco minhas moedas por menos um dia sem respostas.
por menos uma entrelinha pretenciosa.
por menos um "não" dito assim.
por menos um "sim" dito a mim.
talvez.
por menos.
e nada ( a ) mais.

Zorieuq De.
04/III/2009

arte (por toda parte)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009


escrever é libertação...
caneta a punho
coração na mão
desejo que salta pela boca
e vai cair no chão.

escrever é escape da rotina...
devaneio
penicilina
a sina que escolhi pra mim...

escrever é um não-sei-o-quê que me deixa solta
sacudindo palavras ao vento
respirando letras como se fossem alimento...

e como se um dia tudo pudesse ser eterno...
escrevo para deixar dito...
ré confessa de mim...
nas paredes...
nos espaços vazios...
nas entrelinhas dos que não dizem...
deixo sempre minha marca...
como farpa...
afiada...
intransigente
indo fundo
pra provocar...
sensações...
inquietações...
refúgio da alma.

Zorieuq De.
21.I.2009

baile de máscaras

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009




A minha vontade hoje, se se materializasse, traria você pra perto...
um perto, distante...
pra eu não te sentir tão certo.
tão meu.
pra que eu pudesse fazer minhas jogadas...
complicar
fugir
trapacear.
pra fazer você voltar...
de alguma forma...
de alguma maneira...
assim me fazendo sentir AQUELA...
Cinderela...
ou qualquer coisa fugaz
parecendo não ter fim...
e, como se houvesse motivo...
seríamos como um par perdido num baile de máscaras...
procurando...
procurando...
procurando...
mas, eu não quero encontrar...
temo não te gostar...
se você se revelar...
sem máscara...
sem disfarce...
sendo humano...
eu que vi tantas metáforas...
perdidas no meu pensamento...
tormento.

Zorieuq De.
16.I.2009