"sessão um" (estórias da vida real)

terça-feira, 23 de setembro de 2008




Ando tão cheia de "ismos" que me perdi dentro de uma opinião.
Não sei porque deixei de ser abstrata e fui teimar pela concretização.
Isso que me confundiu.
Ando dando ouvidos demais ao fugaz.
Querendo ler o subliminar.
Tentando minar.
O que eu nem sei quem sou.
Foi assim que acordei hoje querendo ser concreta.
Como se fosse me fazer sentir "certa".
Fato é que de tanto querer entender isso-ou-aquilo.
De tanto querer desdizer o que eu disse.
De tanto querer apagar sem soprar.
que eu passei a idéia de ser.
Mas ser o quê?
Transformei-me em uma capa.
Foi - certamente - a coisa mais engraçada que já me aconteceu.
Eu materializada numa capa.
Não importando a cor.
O teor.
Se tinha ou não sabor.
Uma capa.
Capa julgada pelas letras meio apagadas.
Nem bem me disseram o que diabos leram.
E o mundo concreto me pareceu um pesadelo.
Vou dormir querendo não ser.
Vou lembrar de me esquecer.
Do que me disseram.
Do que eu disse.


Teatro da vida real!
Tudo é sempre tão banal.

- boa noite.


Zorieuq De.
23.IX.2008

Recado para um amor mal acabado

terça-feira, 16 de setembro de 2008


pra ti que serás sempre tão meu.

mesmo querendo desfazer os laços.

eu que te dou todos os espaços.

pra termos tempo de voltar.

Zorieuq De.
16.IX.2008

Pedido


ele sabe.
sabe perfeitamente.


do efeito blasé.

do tom demodé.


mas, quando fala e se mexe alguma coisa muda.


e muda.

e muda.

como se ele fosse sempre o mesmo.

mudando o imutável.
contornando o incontornável.

confundindo meus olhos arregalados.

e os de quem o observa pela janela, escondido.


só tenho um pedido:


- senhor cupido, é ali, no lado esquerdo, mais pra lá, isso.


.aguardo.

nesse intervalo, não me liga.
Também não me procura.


Não quero ser a cura para as tuas noites impuras.

Vou pro mundo, sem escala.
Invadir as ruas.
Colecionar estrela. lua.
Fazendo ao meu estilo.

Meio louca.
Meio crua.
De alma nua.


ZORIEUQ DE. 16.IX.2008

"reencontro com A.C.A.P.V."

Cristiane ou ( maquiagem permanente)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008


Cristiane chorava porque gostava do sal que se escondia no canto da boca.
E a lágrima ganhava cor ao ir levando o rímel pelo rosto, se misturando com o blush furta-cor e o batom vermelho "torpor".
Toda a maquiagem se perdia em meio à água salgada - que não era do mar - mas que causava ondas de dentro pra fora...
Com a mesma força invisível, só que inodora.
Ela já não via importância ao falar do amor.
O riso que vinha depois do choro era repleto de amadurecimento.
Puro convencimento de que o que vale a pena a maquiagem cobria.
Aquilo que se queria mostrar se escondia...
Por trás do olhar.

Dissimular.
Atuar.
Fingir que não fingia.
Isso dava alegria.
Embora à noite, em meio a goles de vodka - pura e sem gelo - só restasse aquele drama.
Era quando chorava pra enfim recomeçar toda a trama.
E poder - de cara lavada - se reconhecer.


ZORIEUQ DE.
15.IX.2008
"segundo do caderninho com adaptações..."

Improviso

quinta-feira, 4 de setembro de 2008


Guardanapo de papel.
Letras ao léu.
Rosto por trás do véu.
Chuva fina que cai do céu.
E me molha.
E seca as nuvens.
E desce a ladeira tão ligeira.
E esconde o sol.
Em plena Quarta-feira.

Zorieuq De.
04.IX.2008

texto escrito originalmente num guardanapo de papel enquanto lia sobre historiografia. A chuva caía. E me deu essa inspiração de presente. Era Quarta-feira.

Honestidade

quarta-feira, 3 de setembro de 2008



É aquilo que sinto que tem de ser escrito.
Porque se for sobre "ela" ou "ele" ficará sempre o dito pelo não dito.
Será fraco se for amor.
Será forte se for mentira.
É dos meus devaneios que devo fazer ensaios.
das minhas idéias fixas.
devo julgar meus atos.
rever meus passos.
desfazer mil planos.
ineficazes desde o papel.
não adianta querer falar do alheio.
fazer arrodeios.
é de mim.
de dentro de mim que o sentimento veio.

Zorieuq De..
03.IX.2008

Defesa

segunda-feira, 1 de setembro de 2008




defesa

o teu sorriso - sem graça e patético - deixava-me com a cor das bochechas vermelhas.
não sei o porquê.
o teu olhar - safado e covarde - circulava minh'alma como quem a invade.
na conquista daquilo que se quer possuir, deletei-me a colecionar sinais.
mas, perdi-me na contramão.
achei complicado voltar sem tua mão.
sentei-me no chão.
agora já não cabe mais a razão.
acabou-se a ilusão.
pois, o medo que me indicava sempre a saída, vadia comigo no salão do meu enredo.
não.
não se afobe.
também não volte.
é.
não volte mais.
aprendi com o vento a passar leve e ligeira pelas passagens sombrias e me deixar ilesa.
é.
dê o nome que quiser.
eu chamo de "defesa".



Zorieuq De.
01.IX.2008