menina-moça

segunda-feira, 27 de abril de 2009


a menina que usa saia pode cair e se mostrar inteira.
o menino bobo que olha só pensa em besteira.

a menina que brinca com a boneca pensa que segura o filho pela mão.
o menino que joga bola pensa em ser jogador de time campeão.

a menina amará o menino.
o menino amará a menina.

já moça, será recatada. toda prendada.
ele, rapaz, achará que de tudo é capaz.

menina-moça o seduzirá. ao seu modo. sem preceitos.
rapaz garboso cairá em desvario. logo, ela será todo o seu tormento.

ui.
mas, cuidado.
o pai dela é ciumento.

Zorieuq De.
27.IV.2009

dia de te ver


hoje aconteceu uma coisa linda.
deixa eu contar.
pensei tanto em te ver.
que o céu azul fez você me procurar.
e eu o meu sorriso na face estampar.
aquele desejo aperriado.
aquela saudade contida.
tudo calou-se, de mansinho, no teu abraço apertado.


Zorieuq De.
27.IV.2009

papel reciclado

domingo, 26 de abril de 2009



sendo sincera comigo mesma.
rasguei o teu retrato.
trazia tanta mágoa ficar olhando teu sorriso.
antes, quando tudo era festa, o achava tão bonito.
mas hoje, percebi como eram de mentira:
o sorriso.
teu jeito.
o resto.
e veio esse desespero.
foi aí que rasguei.
o retrato.
e teu pedaço que morava aqui dentro.
não pude fazer nada.
só com o papel
mandei reciclar.
por dentro é que ainda não dá.

Zorieuq De.
26.IV.2009

coração de pirulito


comprei um pirulito no formato de um coração.
tão doce.
com o tempo gastou-se.
com meu dente quebrou-se.
e foi parar no chão.
veio a chuva e levou.
o pedaço do coração vermelho.
senti pena do danado.
que como se fosse o meu saiu enxotado.
pela rua abaixo.
coitado.
coração, nem de pirulito, escapa da solidão.

Zorieuq De.
26.IV.2009

brinquedo


meu brinquero preferido quebrou-se essa manhã.
não sou mais aquela criança.
não sou também assim tão adulta.
sentada, agarrada aos joelhos, chorei.
quebrou-se minha infância.
desfez-se o laço.
que embaraço de olhos avermelhados.
andando pela casa.
ninguém vai entender.
é que o brinquedo dançava e cantava.
era ele quem me aninava quando ventava e começava a chover.

Zorieuq De.
26.IV.2009

lua cheia



Quando a lua ficar cheia
cheinha de clarear todo o céu.
eu vou estar na janela do quarto.
com a luz apagada.
o olhar a fitá-la.
e com a mente minguante.
ao lembrar do amor errante.


Zorieuq De.
26.IV.2009

dia do gigante



se um dia eu crescer bem muito.
se eu ficar do tamanho de um gigante.
derrubo a distância de um abraço.
dos braços que vão embora prometendo voltar.

Zorieuq De.
26.IV.2009

Invenção

sexta-feira, 24 de abril de 2009


Tomei a liberdade de te inventar.
Usei teu rosto.
teu corpo.
Mas, pus meu paladar.
Misturei teu gosto ao meu jeito louco de pensar.
não podia funcionar.
A minha risada se desgastava sem teus olhos pra combinar.
O que criei fugiu do papel.
Virou miragem.
Ou qualquer outra paisagem.
O certo é que ao te inventar me perdi.
Não mais me vi.
Em mim.
Me vi em ti.
Não me gostei.
Porque a aresta que desenhei perdeu a luz.
o tom que eu gostava.
e o teu jeito.
teu ar enigmático.
tudo.
tudo borrou.
manchou.
sentimento faltou.
e foi aí que o fim se anunciou.
o invento de outrora virara projeto indesejado.
Tu
que tanto colori nos meus dias juvenis
apareceu com jeito de aprediz.
Eu
que tanto me dediquei aos teus enlaces
me desfiz.


Zorieuq De.

texto original de 16/IX/2008. "melhorado" em 24/IV/2009.

* estranho isso de querer sem querer querendo.*

Promessa de chegada

segunda-feira, 13 de abril de 2009


Eu achava que cabia em teus braços.
na tua cama.
no teu quarto.

convidei-me a entrar no teu mundo.
sem demora.
sem atraso.

Levo carinho e vontade.
e compro a coca-cola quando aí chegar.
isso, claro, se você me acompanhar.

Mas, não sei mais se vou.
Se iria.
A não ser que haja toda uma alegoria.
Na minha chegada.
Com direito a música dedilhada.



Zorieuq De
13.IV.2009

"criação instantânea"

sem título (seja lá qual seria)

domingo, 12 de abril de 2009


agora que me dei conta de que os ponteiros do relógio realmente deixam marcas na gente.
não sei até onde posso culpá-los por isso.
porque as palavras que não disse se perderam no mesmo espaço onírico em que pairam agora as minhas dúvidas.

amores impossíveis são questão de tempo.
ouvi dizer.
mas também não sei o porquê de continuar revivendo tudo isso.

depois do capuccino as idéias começam a evaporar junto ao ar.
e penso que não sei mais de nada.
ai que tontura que me dá.

chantilly com caramelo.
eu me desmantelo.
procurando respostas.
buscando o que eu mesma nego.

.duelo do ego.

Ana de Queiroz
26.I.2009

havia de dizer - um dia - meu nome.