Incongruência

terça-feira, 28 de outubro de 2008





E então, eles não tinham nada a ver.

E de tanto não ter nada a ver um com o outro...

Que nasceu aí um casal.

Porque o que basta é a coragem...

A vontade...

Esse bem-querer...

De fato, é isso que faz a flor - entre rochas - florecer.



Zorieuq De.

28.X.08


* o balanço da estrada e as paisagens matutinas me deram essa poesia já pronta, na ponta dos dedos, de presente.


- Parabéns, mamãe.

Desejo


O beijo desejava aquela boca como se não houvesse outra que satisfizesse o paladar.
E - de fato - não havia.
A mão desejava aquele toque como se jamais tivesse uma pele assim.
E - certamente - não havia.
Os olhos...
Os quadris...
Tudo eram sentidos.
Tudo eram instintos.
Ou sensações sem fim.
Porque intrigante era o outro.
A curiosidade do outro.
De sentir se era.
De provar a vera.
O relâmpago do corpo é o fogo.
Que arde em mil chamas.
E inflama.
A tempestade que inunda de dentro pra fora.
Essa tempestade inodora.
Zorieuq De.
27.X.2008

A quem pertencer possa...

sábado, 25 de outubro de 2008



Tenho a impressão de que o mundo - as vezes - pára de girar.
E as asas da borboleta pequena param de tilintar.
Porque o sol aquece demais.
E minhas idéias se embaralham...
Uma a uma...
Unidas - confusas - num único nó.

Tenho certeza - as vezes - de que você não me viu.
Embora tenha me olhado.
Talvez eu também não tenha te visto.
Embora tenha decorado...
O cintilante que achei em teu olhar dissimulado.

Não é que não conversamos mais.
Simplesmente não há nada mais a ser dito.
Porque o sol aqueceu demais.
E o que brotou entre nós...
Morreu entre nós.

Tenho quase certeza de que o que ficou também já se despede.
E ninguém impede.
Nem pede por mais.

Então, deixa ir.
Deixa pertencer a quem julgar possuir...
Esse desejo cego que se calou.
Que se fechou.
Que esvaiu.
Esse desejo oportunista que nos traiu.

Zorieuq De.
24.X.08

(Des)memória

sábado, 18 de outubro de 2008



Acontece que de vez em quando, ela sentia saudades.
Mesmo que nem tivesse sido. Nem acontecido.
Eram só saudades.
E depois - quando a chuva levantava aquele cheiro de poeira molhada - ela arriscava lembrar de todos os detalhes.
Engraçado é que não conseguia.
Mesmo que tudo tivesse se eternizado.
Simplesmente não conseguia e pronto.
De qualquer modo, ainda havia ficado alguma coisa.
O jeito meio sem-jeito dele.
Ao lidar com a situação.
Ao lhe tocar com a mão.
A maneira desenfreada dela.
Ao falar demais sobre tudo sem dizer nada.
Toda embaralhada.
E era isso.
Disso que lembrava as vezes.
Além do medo que tinha de tudo se apagar do quase nada que foi.

Zorieuq De.
17.X.08

O Poeta

quarta-feira, 8 de outubro de 2008


Sem inspiração e com as idéias paralíticas
tentava se achar o poeta.
A nicotina já atingira o diafragma...
que como magma aquecia os pulmões.
Assobiava em meio a pigarros...
Enquanto implorava à mente
dormente
que funcionasse.


Zorieuq De.
30.IX.2008