Sejamos

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008


Não sei porque ensaiamos o que somos.
Não sei porque a estória parece pedir complemento.
o que será feito?
se terá fim todo o enredo.
Ensinei estrelas a brincar no teu sorriso.
Escrevi o que teus olhos me diziam e pus debaixo do travesseiro.
Achei versos presos na ponta dos teus cabelos.
Que acariciavas com tanto zelo.
Quis queres definições compostas com todo esmero.
Quis querer entregar o que não tenho.
Quis querer sem querer
E querendo... e querendo.
Calando explicações duvidosas.
Instigando esperanças.
Sabendo que na boca alguma coisa ficou solta.
Querendo aprisionar.
Não, por favor, não entenda.
Prefiro que sigamos sem solução.
Já que pesa qualquer conclusão.
E que sejamos infinitivo.
Sejamos vento que quebra as ondas.
Sejamos incompreensíveis.
imperfeitos.
impossíveis.
Sejamos isso ou aquilo.
Agora.
e quem sabe...
continue.

Zorieuq De.
29.XII.2008

(con)fusão

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008



Foram os olhos...
Ali diante das duas luzes negras que emanavam...
que desfiz minhas defesas...
que perdi minha bagagem...
esqueci que era eu mesma...
e me dediquei nessa viagem.
percorri mil dias de sede...
horas a fio a contemplar-te...
inundando o oásis que vi
miragem sem fim...
assim...
eternizando momentos tão simples...
guardando os sorrisos que me deste na manhã de dezembro...
colecionando pegadas e despedidas...
querendo permanecer...
confundida com tuas jogadas...
o tom doce e mascavo da tua voz chegando
devagar
sem ser notada
tomando espaço
ganhando terreno
eu que de mim não sei mais nada...
inebriada com os teus olhos negros
serenos
dissimulados
olhos que me farão cair em desmazelo...
qualquer dia te faço o que desejo...
e então saberás se somos sol e lua...
então saberei se minha alma permanecerá sempre assim diante de ti
tão indefesa
recatada
tão crua
nua...
por enquanto é essa curiosidade que bate
que existe
que insiste
e continua...

Zorieuq De.
24.XII.2008


.talvez entendas.

CH3-CH2OH

sábado, 6 de dezembro de 2008



Bebi às nove da manhã.
Seria exagero dizer que foi porque eu queria te ver?
Foi essa vontade tamanha que me deu ânsia de te querer...
de não superar...
de permanecer...
de não estragar...
Foi esse desejo invisível que carrego comigo, meu fiel inimigo.
Enchi mesmo a cara.
Com o som às alturas.
Querendo gritar outras coisas, mas cantando aquele blues.
O que você levou de mim talvez eu nunca mais tenha.
Nem seja...
Daquele jeito insensato e malicioso.
O que você deixou não pude aprisionar...
Sem pertencer soa melhor do que ter...
Sem compromissos...
Sem maiores detalhes.
Foi o que foi.
Somente aqueles poucos instantes entre nós dois.
Esqueça o que eu não posso esquecer.
Deixe pra trás o que eu resgato agora.
Melhor ser só meu...
Aquilo que nunca significou mais...
Aquele Sentimento, pra ti, tão fulgaz...
Evapora e vai embora.
Vira fumaça e desenha as nuvens.
Eu fico aqui, tentando não ver.
E aceitando a idéia de que foi o que tinha de ser.

Zorieuq De.
06.XII.2008

p.s.: depois venho reler isso, agora tô meio zonza! hehehe...Licor de chocolate é uma maravilha!

Bjocas!

Confusão (ou ilusão de ótica)

terça-feira, 25 de novembro de 2008


Não era nada.
Ao menos, não deveria ser.
Aquela fumaça ardia nos olhos e me fazia querer chorar.
Eu mal podia ver as estrelas, e o céu, e a lua.
E tudo ficava embaçado.
Preso.
Inebriado.
Por mais que se esperasse passar, não passava.
E eu sentado ficava.
Com os olhos cheios de lágrimas.
Emocionado com alguma coisa cinzenta que deixava somente fuligem.
E mais nada.
Já não aspirava ver nenhuma outra cor.
Nem queria mais sentir o sabor.
Porque talvez nem houvesse.
Era só fumaça.
Que bate e confunde meus olhos em chamas.
Era meu desejo de poder ver o que não estava lá.
Ver você.
Ver aquilo que eu queria crer que era.
Você sendo tudo aquilo que dissera.


Zorieuq De.
25/XI/2008


vão desculpando a formatação do texto...tem computador doido quem pode com ele! =/


beijos meus!

Incongruência

terça-feira, 28 de outubro de 2008





E então, eles não tinham nada a ver.

E de tanto não ter nada a ver um com o outro...

Que nasceu aí um casal.

Porque o que basta é a coragem...

A vontade...

Esse bem-querer...

De fato, é isso que faz a flor - entre rochas - florecer.



Zorieuq De.

28.X.08


* o balanço da estrada e as paisagens matutinas me deram essa poesia já pronta, na ponta dos dedos, de presente.


- Parabéns, mamãe.

Desejo


O beijo desejava aquela boca como se não houvesse outra que satisfizesse o paladar.
E - de fato - não havia.
A mão desejava aquele toque como se jamais tivesse uma pele assim.
E - certamente - não havia.
Os olhos...
Os quadris...
Tudo eram sentidos.
Tudo eram instintos.
Ou sensações sem fim.
Porque intrigante era o outro.
A curiosidade do outro.
De sentir se era.
De provar a vera.
O relâmpago do corpo é o fogo.
Que arde em mil chamas.
E inflama.
A tempestade que inunda de dentro pra fora.
Essa tempestade inodora.
Zorieuq De.
27.X.2008

A quem pertencer possa...

sábado, 25 de outubro de 2008



Tenho a impressão de que o mundo - as vezes - pára de girar.
E as asas da borboleta pequena param de tilintar.
Porque o sol aquece demais.
E minhas idéias se embaralham...
Uma a uma...
Unidas - confusas - num único nó.

Tenho certeza - as vezes - de que você não me viu.
Embora tenha me olhado.
Talvez eu também não tenha te visto.
Embora tenha decorado...
O cintilante que achei em teu olhar dissimulado.

Não é que não conversamos mais.
Simplesmente não há nada mais a ser dito.
Porque o sol aqueceu demais.
E o que brotou entre nós...
Morreu entre nós.

Tenho quase certeza de que o que ficou também já se despede.
E ninguém impede.
Nem pede por mais.

Então, deixa ir.
Deixa pertencer a quem julgar possuir...
Esse desejo cego que se calou.
Que se fechou.
Que esvaiu.
Esse desejo oportunista que nos traiu.

Zorieuq De.
24.X.08

(Des)memória

sábado, 18 de outubro de 2008



Acontece que de vez em quando, ela sentia saudades.
Mesmo que nem tivesse sido. Nem acontecido.
Eram só saudades.
E depois - quando a chuva levantava aquele cheiro de poeira molhada - ela arriscava lembrar de todos os detalhes.
Engraçado é que não conseguia.
Mesmo que tudo tivesse se eternizado.
Simplesmente não conseguia e pronto.
De qualquer modo, ainda havia ficado alguma coisa.
O jeito meio sem-jeito dele.
Ao lidar com a situação.
Ao lhe tocar com a mão.
A maneira desenfreada dela.
Ao falar demais sobre tudo sem dizer nada.
Toda embaralhada.
E era isso.
Disso que lembrava as vezes.
Além do medo que tinha de tudo se apagar do quase nada que foi.

Zorieuq De.
17.X.08

O Poeta

quarta-feira, 8 de outubro de 2008


Sem inspiração e com as idéias paralíticas
tentava se achar o poeta.
A nicotina já atingira o diafragma...
que como magma aquecia os pulmões.
Assobiava em meio a pigarros...
Enquanto implorava à mente
dormente
que funcionasse.


Zorieuq De.
30.IX.2008

"sessão um" (estórias da vida real)

terça-feira, 23 de setembro de 2008




Ando tão cheia de "ismos" que me perdi dentro de uma opinião.
Não sei porque deixei de ser abstrata e fui teimar pela concretização.
Isso que me confundiu.
Ando dando ouvidos demais ao fugaz.
Querendo ler o subliminar.
Tentando minar.
O que eu nem sei quem sou.
Foi assim que acordei hoje querendo ser concreta.
Como se fosse me fazer sentir "certa".
Fato é que de tanto querer entender isso-ou-aquilo.
De tanto querer desdizer o que eu disse.
De tanto querer apagar sem soprar.
que eu passei a idéia de ser.
Mas ser o quê?
Transformei-me em uma capa.
Foi - certamente - a coisa mais engraçada que já me aconteceu.
Eu materializada numa capa.
Não importando a cor.
O teor.
Se tinha ou não sabor.
Uma capa.
Capa julgada pelas letras meio apagadas.
Nem bem me disseram o que diabos leram.
E o mundo concreto me pareceu um pesadelo.
Vou dormir querendo não ser.
Vou lembrar de me esquecer.
Do que me disseram.
Do que eu disse.


Teatro da vida real!
Tudo é sempre tão banal.

- boa noite.


Zorieuq De.
23.IX.2008

Recado para um amor mal acabado

terça-feira, 16 de setembro de 2008


pra ti que serás sempre tão meu.

mesmo querendo desfazer os laços.

eu que te dou todos os espaços.

pra termos tempo de voltar.

Zorieuq De.
16.IX.2008

Pedido


ele sabe.
sabe perfeitamente.


do efeito blasé.

do tom demodé.


mas, quando fala e se mexe alguma coisa muda.


e muda.

e muda.

como se ele fosse sempre o mesmo.

mudando o imutável.
contornando o incontornável.

confundindo meus olhos arregalados.

e os de quem o observa pela janela, escondido.


só tenho um pedido:


- senhor cupido, é ali, no lado esquerdo, mais pra lá, isso.


.aguardo.

nesse intervalo, não me liga.
Também não me procura.


Não quero ser a cura para as tuas noites impuras.

Vou pro mundo, sem escala.
Invadir as ruas.
Colecionar estrela. lua.
Fazendo ao meu estilo.

Meio louca.
Meio crua.
De alma nua.


ZORIEUQ DE. 16.IX.2008

"reencontro com A.C.A.P.V."

Cristiane ou ( maquiagem permanente)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008


Cristiane chorava porque gostava do sal que se escondia no canto da boca.
E a lágrima ganhava cor ao ir levando o rímel pelo rosto, se misturando com o blush furta-cor e o batom vermelho "torpor".
Toda a maquiagem se perdia em meio à água salgada - que não era do mar - mas que causava ondas de dentro pra fora...
Com a mesma força invisível, só que inodora.
Ela já não via importância ao falar do amor.
O riso que vinha depois do choro era repleto de amadurecimento.
Puro convencimento de que o que vale a pena a maquiagem cobria.
Aquilo que se queria mostrar se escondia...
Por trás do olhar.

Dissimular.
Atuar.
Fingir que não fingia.
Isso dava alegria.
Embora à noite, em meio a goles de vodka - pura e sem gelo - só restasse aquele drama.
Era quando chorava pra enfim recomeçar toda a trama.
E poder - de cara lavada - se reconhecer.


ZORIEUQ DE.
15.IX.2008
"segundo do caderninho com adaptações..."

Improviso

quinta-feira, 4 de setembro de 2008


Guardanapo de papel.
Letras ao léu.
Rosto por trás do véu.
Chuva fina que cai do céu.
E me molha.
E seca as nuvens.
E desce a ladeira tão ligeira.
E esconde o sol.
Em plena Quarta-feira.

Zorieuq De.
04.IX.2008

texto escrito originalmente num guardanapo de papel enquanto lia sobre historiografia. A chuva caía. E me deu essa inspiração de presente. Era Quarta-feira.

Honestidade

quarta-feira, 3 de setembro de 2008



É aquilo que sinto que tem de ser escrito.
Porque se for sobre "ela" ou "ele" ficará sempre o dito pelo não dito.
Será fraco se for amor.
Será forte se for mentira.
É dos meus devaneios que devo fazer ensaios.
das minhas idéias fixas.
devo julgar meus atos.
rever meus passos.
desfazer mil planos.
ineficazes desde o papel.
não adianta querer falar do alheio.
fazer arrodeios.
é de mim.
de dentro de mim que o sentimento veio.

Zorieuq De..
03.IX.2008

Defesa

segunda-feira, 1 de setembro de 2008




defesa

o teu sorriso - sem graça e patético - deixava-me com a cor das bochechas vermelhas.
não sei o porquê.
o teu olhar - safado e covarde - circulava minh'alma como quem a invade.
na conquista daquilo que se quer possuir, deletei-me a colecionar sinais.
mas, perdi-me na contramão.
achei complicado voltar sem tua mão.
sentei-me no chão.
agora já não cabe mais a razão.
acabou-se a ilusão.
pois, o medo que me indicava sempre a saída, vadia comigo no salão do meu enredo.
não.
não se afobe.
também não volte.
é.
não volte mais.
aprendi com o vento a passar leve e ligeira pelas passagens sombrias e me deixar ilesa.
é.
dê o nome que quiser.
eu chamo de "defesa".



Zorieuq De.
01.IX.2008

Ana

sexta-feira, 22 de agosto de 2008




Ana - que sou eu - hora ama, hora engana.
Ana - que é ela ou aquela - quando é de dia clama, de tarde chama, de noite inflama.
na primavera só dela.
Aquarela.

Zorieuq De.
21.VIII.2008


"A coragem não é a ausência do medo, mas o julgamento de que existe algo mais importante do que ele."

Ivete ou ( Apologia à insensatez)

terça-feira, 12 de agosto de 2008



Ocorre que nem tudo era como Ivete sonhava.
Porque contos-de-fadas e coisas-desse-tipo só faziam parte das páginas daquele livro.
Se bem que se se parasse pra refletir, não era bem por isso que Ivete suspirava.
Não era amor cego que ela procurava.
Não.
Era menos do que isso - quero dizer - se houvesse medida.
Era loucura.
Sei lá, qualquer sentimento insano, desvairado, tresloucado.
Algo fora de lugar.
Que não pertencesse, embora se tivesse.
Alguma risada gostosa e barulhenta.
Qualquer desperdício de tempo que não se fizesse questão.
Era. Era por uma coisa dessas que Ivete sentia o coração sair do eixo.
Desleixo.
Era engraçado procurar o que os outros pensam ser frívolo ou ineficaz.
Porque amar o insensato era mesmo um barato.
embora saísse caro no final.

Zorieuq De.
12.VIII.2008

Alice

domingo, 10 de agosto de 2008



Quando alice era pequena não havia muito tempo para ser triste.
Na verdade, alice nunca soubera o que era o tempo, a não ser, claro, quando chovia.

Sorte alice morar num cantinho no meio do nada onde nem as mais doces estações frias o achava.

O que eu quero dizer é que quando se é pequeno, inocentemente ávido para se viver cada momento, ninguém dá a mínima para saber se dará certo subir naquela árvore sem ter a certeza se conseguirá descer.
Quando se vê, está no topo.
Com os braços abertos.
O vento assanhando os cabelos.

Gritando.
Desafiando - sabe-se lá o quê - ou quem.

Pois bem.

Alice me contava essas coisas todas sentada no alto da escada que dava para a saída de ar do sótão.

Eu nem sei a idade dela.

Eu tinha doze.
Ela parecia ser bem mais velha, embora insistisse em dizer que era mais jovem que eu.


Zorieuq De.
09.VIII.08



Tempo ou (evocação ao Deus Cronos)

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Rápido.
Só tenho dez minutos pra escrever.
É que o dia passa tão ligeiro, mal tenho tempo de me olhar no espelho.
- Espelho, espelho meu, existe alguém mais sem tempo que eu?
Depressa.
Do tempo que me deram fiz cálculos errados.
Pensei demais no futuro e me esqueci do presente.
Inutilmente.
E agora, imploro ao espelho.
Pois, chove lá fora.
E a hora me devora.
- Espelho, espelho meu, diz-me que o relógio foi quem enlouqueceu.

Zorieuq De.
17.VII.2008


"tempo, tempo, mano, velho, falta um tanto ainda, eu sei, pra você correr macio..."

Teimosia

domingo, 13 de julho de 2008


Quando eu devia simplesmente ir, resolvo voltar.
E agora quando decido ir, ainda tô sentada no sofá.
A vida sempre me veio assim. Numa via de mão dupla.
Eu no viés de ir e chegar.
Na angústia de errar ou acertar.
Escolher ou rejeitar.


Zorieuq De.
13/VII/08


....................................................

texto achado nos rascunhos desse blog.
Que coisa inusitada. Achando eu meus próprios pensamentos inacabados, como se o tempo os tivesse guardado das minhas mãos tremulamente ansiosas por apagá-los.


Ensaio

quarta-feira, 25 de junho de 2008


As vezes tudo o que Beatriz queria era ter os seus pensamentos expostos num letreiro néon.
É.

Assim, garrafais...
Porque não tinha muita paciência para esclarecimentos.
As razões das discussões sempre lhe causavam fadiga.

Talvez, um tradutor...

Mas, ele dizia que não haveria homem no mundo que a compreendesse.
Ele ria e gesticulava como ela.
Isso Beatriz também não gostava.
Mas, ele a imitava.
E muito bem.
E pior era constatar que havia alguma lógica nos discursos hilariantes dele.
Beatriz mal namorava firme, já acabavam o amor e a cordialidade.

Virava, por vezes, rivalidade.

Ele a conhecera num momento ímpar.
Estava vivendo uma fase estranha.
Querendo se fazer entender.
Quiçá, simplesmente deixar a coisa toda acontecer.

Era mais forte.
Complicar era o barato.
Era blasé, sabia.
Mas, Beatriz até se divertia.

Menos quando ele a imitava.
Porque aí era palhaçada.

Faltava o respeito.
Brigavam feio.
Ela se descabelava por dentro.
Especulava mil e uma teorias de "como poderia ser se não fosse".

E se trancava em si.
Fechava as janelas da alma.
Inundava-se com as perguntas que nunca seriam feitas.
Desfazia atitudes dele antes tidas como aceitas.
Beatriz se conhecia.
Não era complicação.
O 'ão' era de negação.
Medo de atingirem-na bem no coração.

O 'ão' podia estar na solidão.

Mas, era diferente.
Era mais simples não se ter desvendada.
Não se ver tão moldada.

Beatriz preferia a relação assim...
Ensaiada.


Zorieuq De.
25.VI.2008



sexta-feira, 30 de maio de 2008


"Era a voz de uma mulher que se sente feliz por estar viva, que satisfaz seus caprichos, que é descuidada e carente, e que fará tudo para preservar o mínimo de liberdade que possui. Era a voz de uma doadora, de uma gastadora; seu apelo atingia o diafragma, mais do que o coração."


"Fragilidade, o teu nome é mulher!"

(Des) Iguais

quinta-feira, 22 de maio de 2008


Então foi assim que Valeska passou a saber quem realmente era.
Porque o sangue esquentou-lhe a face quando Roberto lhe disse um "não dá mais".
A questão não era não mais vê-lo.
Não. Não era isso, não.
E ainda nem bem pensara se de verdade o amara.
A situação era a dispensa. A cara dura na sua frente, sorrindo qual descarado, desdenhando o que outrora quisera ao lado.
E isso Valeska não aceitava.
Dissolver a relação, pulverizar a paixão.
Como se nada tivessem vivido.
Como se estranhos passassem a ser.
Como se fossem esquecer.
Agarrou-se à emoção. Depois à sua mão.
Tentou reatar os nós.
Buscou Roberto em qualquer passado mais perto.
Não!
Fechou a porta e deu lugar à estrada.
Roberto já não era mais. Valeska queria demais.
Eram desiguais.

Zorieuq De.
22.V.2008


"Fragilidade, teu nome é mulher!"

Alice


O vinho tinto era pra dar sabor.
Alice usando vestido apertado.
Dançando de rosto colado.
O ano era mil, novecentos e oitenta e pouco.
A amizade colorida.
A regra, desinibida.
A exceção, permitida.
Alice beijava e nem se sentia envolvida.
Era comprometida.
Com a paixão.
Com a sensação.
Com ela.
Alice, Cinderela.

Zorieuq De.
19.V.2008


"fragilidade, teu nome é mulher!"

Epiderme


A coisa toda se desenrolava pelos poros.
A epiderme dividia e enxurrava o instinto.
Talvez fosse questão de tempo.
Talvez o tempo parecesse não passar.
Embora corresse.
E tudo que se queria, aguçava a curiosidade.
Vaidade.
O desejo que desejava e não se calava.
Embora devesse.
A coisa toda se erguia como um feixe de luz.
Era táctil.
O que se perde é o que conduz.
A epiderme que denuncia é a mesma que seduz.
Talvez o suor seja a ausência do frio.
Nos corpos que estão por um fio.


Zorieuq
De.
15.V.2008


"Fragilidade, teu nome é mulher!"

quarta-feira, 23 de abril de 2008


Elaine


Elaine não era mulher do tipo maria-vai-com-as-outras.
Mas, não se sabe bem o porquê - embora se tenha uma idéia- naquela noite resolvera sair, mais uma vez, com o namorado da Rosemary.
Elaine era feinha. Tinha os cabelos longos e vermelhos. Mas, muito vermelhos, quero dizer. As bochechas salientes. Os lábios extremamente finos e espalhados.

Ocorre que para Roberto estava tudo perfeito daquele jeito. Isso porque o tesão estava justamente na tensão.

Rosemary estaria em casa - deitada - talvez. Quem sabe até pensando nele. Desejando tê-lo ou ser dele. Roberto podia sentir perfeitamente o risco daquela situação.
Mas, camarada, era a graça, entende?

Sem contar que Elaine era feinha, de rosto. O corpo era um estrago. E acaso Roberto ia lá olhá-la por outro lado?

Elaine era puro sexo casual.
Era uma mistura de gosto e desgosto.

Era delírio.
Era prazer.
Era a conjugação prazeirosa do verbo Ter.



Zoieuq De.

23.IV.2008


"Fragilidade, o teu nome é mulher!"

Stand By.

terça-feira, 15 de abril de 2008


Deixa ele aqui, quietinho.

Um dia, inspirada ou não, apareço.

=*