sexta-feira, 30 de maio de 2008


"Era a voz de uma mulher que se sente feliz por estar viva, que satisfaz seus caprichos, que é descuidada e carente, e que fará tudo para preservar o mínimo de liberdade que possui. Era a voz de uma doadora, de uma gastadora; seu apelo atingia o diafragma, mais do que o coração."


"Fragilidade, o teu nome é mulher!"

(Des) Iguais

quinta-feira, 22 de maio de 2008


Então foi assim que Valeska passou a saber quem realmente era.
Porque o sangue esquentou-lhe a face quando Roberto lhe disse um "não dá mais".
A questão não era não mais vê-lo.
Não. Não era isso, não.
E ainda nem bem pensara se de verdade o amara.
A situação era a dispensa. A cara dura na sua frente, sorrindo qual descarado, desdenhando o que outrora quisera ao lado.
E isso Valeska não aceitava.
Dissolver a relação, pulverizar a paixão.
Como se nada tivessem vivido.
Como se estranhos passassem a ser.
Como se fossem esquecer.
Agarrou-se à emoção. Depois à sua mão.
Tentou reatar os nós.
Buscou Roberto em qualquer passado mais perto.
Não!
Fechou a porta e deu lugar à estrada.
Roberto já não era mais. Valeska queria demais.
Eram desiguais.

Zorieuq De.
22.V.2008


"Fragilidade, teu nome é mulher!"

Alice


O vinho tinto era pra dar sabor.
Alice usando vestido apertado.
Dançando de rosto colado.
O ano era mil, novecentos e oitenta e pouco.
A amizade colorida.
A regra, desinibida.
A exceção, permitida.
Alice beijava e nem se sentia envolvida.
Era comprometida.
Com a paixão.
Com a sensação.
Com ela.
Alice, Cinderela.

Zorieuq De.
19.V.2008


"fragilidade, teu nome é mulher!"

Epiderme


A coisa toda se desenrolava pelos poros.
A epiderme dividia e enxurrava o instinto.
Talvez fosse questão de tempo.
Talvez o tempo parecesse não passar.
Embora corresse.
E tudo que se queria, aguçava a curiosidade.
Vaidade.
O desejo que desejava e não se calava.
Embora devesse.
A coisa toda se erguia como um feixe de luz.
Era táctil.
O que se perde é o que conduz.
A epiderme que denuncia é a mesma que seduz.
Talvez o suor seja a ausência do frio.
Nos corpos que estão por um fio.


Zorieuq
De.
15.V.2008


"Fragilidade, teu nome é mulher!"